Vinhos da Bairrada
Com D. Maria I (1734/1816) os vinhos portugueses adquirem maior projecção, tendo-se iniciado a exportação de vinhos, designadamente os da Bairrada, também para a América do Norte e, em especial, para o Brasil, onde eram muito apreciados. Demarcada apenas em 1979, já desde meados do século XIX que possuía uma demarcação não oficial, ainda hoje de grande actualidade, operada por António Augusto de Aguiar, e que atesta a sua tradição secular como região vitivinícola. Contudo, a história da vinha e do vinho da Bairrada remonta a um passado ainda mais longínquo que D. Maria I, pois surge associada às actividades monásticas, logo entre os séculos X e XII.
Vinho de Bucelas
A fama destes vinhos de Bucelas vem dos tempos dos Romanos. Parece ser que uma das legiões que veio para a Ibéria provinha da Germânia, sendo o seu destino o de acampar perto de Lisboa, a então Olissipo, para vigiarem a construção de silos de armazenamento de cereais, os bucellarium. Terá daqui nascido o nome da vila, especulando-se sobre a possibilidade das uvas brancas de muita qualidade que ainda hoje existem nesta região, poderem também ter vindo da Germânia onde se produz a famosa Riesling. Shakespeare menciona o vinho de Bucelas numa das suas peças, onde refere “a cup of Charneco” que era um vinho feito numa das zonas de Bucelas chamada Charneca…
Vinho de Carcavelos
Carcavelos é a origem de um dos vinhos generosos mais afamados e raros de Portugal. O vinho de Carcavelos teve o seu momento áureo no séc. XVIII sob a alçada de Sebastião José de Carvalho e Mello, 1º Conde de Oeiras e Marquês de Pombal, que o produzia na sua própria quinta. Depois, no séc. XIX, foi bem conhecido pelas tropas de Wellington, sendo levado para Inglaterra, para onde foi exportado em grandes quantidades, durante muitos e largos anos. Pertence, desde 1908, à que porventura será a região demarcada mais pequena do mundo… Actualmente o principal produtor deste vinho – ao mesmo tempo História e Património – é a Câmara Municipal de Oeiras, sendo o Carcavelos comercializado sob a designação de Villa Oeiras.
Vinho de Colares
A origem dos famosos vinhos de Colares parece retroceder a 1255, quando D. Afonso III fez a doação do Reguengo de Colares, obrigando a plantar aí videiras vindas de França. Trata-se de um vinho com características únicas principalmente devido ao facto da vinha ser instalada em “chão de areia”. Situadas muito próximas do mar, as vinhas estão sujeitas a ventos marítimos fortes, pelo que tradicionalmente são protegidas por paliçadas de canas. As castas são plantadas directamente na areia, sem recurso a porta-enxertos. Os solos arenosos dos vinhos de Colares conseguiram manter afastada a filoxera – epidemia que assolou a Europa e quase todo o território português – por isso as vinhas de Colares, da casta Ramisco, não enxertadas, estão entre as mais antigas de Portugal.
Vinho da Madeira
Referências literárias sobre este vinho existem desde o século XV, o que ajuda a reforçar a sua aura. Henrique IV de William Shakespeare, onde Falstaff foi acusado de trocar a sua alma por uma perna de frango e um cálice de vinho da Madeira. Outro caso dá-se em 1478 e é o da condenação à morte de George de York, Duque de Clarence, irmão de Eduardo IV de Inglaterra, que escolheu alegadamente ser afogado dentro de um tonel de vinho Malvasia…
Moscatel de Setúbal
Segundo rezam as crónicas, já em 1381 Portugal exportava grande quantidade de Moscatel de Setúbal para Inglaterra. De facto, o rei Ricardo II menciona a importação de vinho de Setúbal. Em Portugal, D. Manuel faz já alusões às vinhas de Setúbal num foral de 1514. Em 1675, existem referências à exportação de 350 barricas de Moscatel de Setúbal. Luís XIV, o «Rei Sol» (1638-1715) não dispensava nas festas de Versailles este vinho generoso. Numa ementa de um banquete dos cavaleiros de Malta, realizado em 1797, é citado, entre outros vinhos célebres, o precioso «Setúbal».
Vinho do Porto
Ainda hoje a “descoberta” do vinho do Porto é controversa. Ora se defende, como os ingleses o fazem, que remonta ao século XVII, quando os mercadores britânicos adicionaram brandy (e aguardente) ao vinho da região do Douro para evitar que ele azedasse, ora se defende que a sua história é muito mais antiga e muito anterior à presença dos ingleses, pois há bastantes vestígios de lagares e vasilhame vinário, um pouco por toda a região duriense nos séculos III e IV. Julga-se até que o processo que caracteriza a obtenção deste vinho era já conhecido antes dos ingleses, pois na época dos Descobrimentos este método de armazenamento foi utilizado para conservar o vinho num máximo de tempo durante as viagens. Para a popularidade do Porto ter aumentado, muito contribuiu o Tratado de Methwen assinado entre Portugal e a Grã-Bretanha (1703) ao fixar taxas aduaneiras preferenciais. Aliás, deve referir-se que, para os ingleses, nesta altura, falar em vinho era praticamente o mesmo que falar em vinho do Porto.