O vinho e a humanidade

Entre outras, existe na Bíblia a seguinte alusão ao vinho: “Noé plantou a vinha e tendo bebido do seu vinho, embriagou-se”.
No Império Romano sabe-se que a adoração ao deus Baco ia além da simples veneração devida ao criador e protector da videira, pois o seu culto desenvolveu-se em torno dos prazeres que o vinho oferecia. A dedicação da vinha a uma divindade, a importância que se lhe dá nas escrituras bíblicas assim como o prestígio do vinho, presente em tantas cerimónias religiosas e não religiosas, levou ao desenvolvimento de um material pictórico riquíssimo que ilustra bem o tema.
Os vinhos que se produziam nas regiões mediterrânicas eram levados em navios até Roma onde os vinhos gregos – que gozaram de renome durante muito tempo – alcançavam às vezes preços exorbitantes.
De facto o vinho conta-nos a história da Humanidade sob diversas perspectivas podendo hoje afirmar-se que os métodos de vinificação alcançaram um grau de perfeição quase científico. Vivendo nós na época do nuclear, o certo é que o vinho conserva toda a sua notoriedade e continua a ser a mais nobre das bebidas.

A ORIGEM DO VINHO

A origem do vinho parece estar associada à sedentarização do Homem e, naturalmente, à domesticação dos animais. Atribui-se aos Hebreus (um dos primeiros povos a cultivar um único Deus) e aos Hititas (povo indo-europeu que, no II milénio a.C., fundou um poderoso império na Anatólia central, cuja queda data dos séculos XIII-XII a.C.) a descoberta das qualidades do vinho, bebida que, com o decorrer do tempo vai adquirir uma grande importância no que respeita à religiosidade.

SIMBOLOGIA

A Vinha e o Vinho associam-se a actividades agrícolas. Os antigos egípcios (O Antigo Egito foi uma civilização da Antiguidade oriental do Norte de África, distribuída ao longo do rio Nilo) por exemplo, atribuíram um grande protagonismo ao vinho, fosse na Vida, fosse na Morte. Desde sempre foi uma bebida de todos e não apenas de Reis, de Faraós, ou de Sacerdotes, utilizando-se como oferta aos mortos já que o vinho simbolizava a eternidade.

ROMANIZAÇÃO,  PRIMEIROS VINHEDOS NA PENÍNSULA E A INDÚSTRIA DAS ÂNFORAS

Quando ocuparam a Península, os Celtiberos (designam-se deste modo os povos ibéricos pré-romanos celtas que habitavam a Península Ibérica desde finais da Idade do Bronze, no século XIII a.C., até à romanização da Hispânia) desconheciam o vinho, habituados que estavam ao consumo da cerveja. Deve dizer-se que o consumo do vinho na Península chegou com a Romanização, datando dessa altura os primeiros vinhedos. Depois, pouco a pouco, esta bebida foi sendo introduzida nos hábitos alimentares das populações peninsulares. Com a actividade vinícola começou imediatamente a desenvolver-se a indústria das ânforas e de variados recipientes onde se bebia e guardava o vinho.