Rótulos & Vinhos

No livro Emotion Design: Why we love or hate everyday things (New York: Basic Books) o seu autor, o norte-americano Donald A. Norman afirma que, quanto maior os estímulos às sensações, mais eficientes serão os objetos, “porque os objetos belos funcionam realmente melhor”.

Centremo-nos nos rótulos das garrafas de vinho. Na verdade, se tivermos em conta a quantidade de vinhos no mercado (nacional e internacional) exige-se uma atenção especial quanto a estratégias, pois para atrair e conquistar consumidores, o rótulo deve envolver quatro principais atributos: simplicidade, criatividade, atractividade e sobretudo deve apelar para alguma diferença, seja no plano estético, seja no plano cultural, seja no emocional. Observe-se, por exemplo, o rótulo de uma garrafa de um vinho “albariño”. Como sabemos, a casta Alvarinho I Albariño é uma casta muito própria do Minho sobretudo de Monção e Melgaço, bem como da Galiza. Ora, os galegos – para além do espanhol (castelhano) – falam também o galego, língua muito semelhante ao português o que é facilmente comprovado por todos nós ao lermos o poema lírico trovadoresco de Martín Códax (um trovador do séc. XIII) no rótulo de uma garrafa de “Albariño”. Agora digam lá se não estamos na presença de um rótulo simples, criativo e diferente?

 

(Trad. em Port.)

Ondas do mar de Vigo,
Se vistes o meu amigo!
E ai deus se virá cedo!
Ondas do mar levado,
Se vistes o meu amado!
E ai deus se virá cedo!
se vistes meu amigo,
e porque eu suspiro!
E ai deus se virá cedo!
Se vistes o meu amado,
porque tenho grande cuidado!
E ai deus se virá cedo!

Martin Codax
Trovador Séc. XIII