Para que pudéssemos assistir e encontrarmos o renascer do histórico Vinho de Carcavelos, muito se deve o trabalho de afinco e resiliência do Município de Oeiras !
A área de plantação de vinha é de 12 hectares, com perto de 2000 pés por hectare e uma produção anual que ronda as 50000 garrafas.
Este generoso que estagia no mínimo 10 anos.
A vinha está assente em solos calcários virados para Sul, com clima marcadamente Atlântico.
No início deste ressurgimento, colocou-se o desafio de recorrer a registos de como se produzia em tempos idos, devido a particularidades.
Sendo o Município de Oeiras o principal impulsionador e que originou o renascer do histórico Vinho de Carcavelos, o objetivo é preservar este importantíssimo património histórico e cultural.
Dá para o Município enorme gozo produzir algo assim único, e cujo objetivo está longe de sero lucro.
Atualmente apenas o Município de Oeiras e o Seminário lutam para não deixar passar a simples história esta relíquia.
O renascer do histórico Vinho de Carcavelos deve-se a muita tenacidade e prevalece.
Ao contrário estaríamos a lamentar que o Vinho de Carvavelos “era” ou “existiu em tempos”.
Esta região, situada muito próximo da foz do Tejo, foi definida pela carta de lei de 18 de Setembro de 1908.
É região vinhateira já antiga.
No tempo do Marquês de Pombal os vinhos da sua Quinta de Oeiras que em parte está situada na actual região demarcada, eram comprados pela Companhia do Alto Douro.
O vinho da região era muito apreciado no Séx. XVIII !
Nessa altura constava entre os presentes enviados por El-Rei D. José I, no ano de 1752, à côrte de Pequim pelo Embaixador Francisco de Assis Pacheco de Sampaio .
Figuravam duas garrafas de vinho de Carcavelos numa caixa forrada de veludo carmezim guarnecida com galões de prata e ferragens também de prata.
A produção total da região chegou a atingir 3.000 pipas no princípio do século XIX.
A região conta com os favores do clima, influenciado pela proximidade do mar.
Mesmo de forma pouco significativa, porque os ventos dominantes são do Norte
Durante a época estival repelem a humidade prejudicial à maturação da uva.
A própria exposição a Sul é bastante favorável à cultura da vinha.
Encontra boas condições de desenvolvimento e arejamento nos solos de formação calcária.
Do leque de castas então mais comuns, a maioria das quais se mantém no encepamento actual, o destaque vai para o Galego Dourado.
A esta uva branca, pode juntar-se as castas Boal Ratinho e o Arinto.
Quando se produzia o Carcavelos com uvas tintas, estas eram desengaçadas à parte
Depois seguiam paraa pisa no lagar, sendo a fermentação feita em balseiros pelo tempo de uma semana.
O vinho branco é produzido segundo o método comum de bica aberta.
De seguida fermenta em tonéis destapados, pelo espaço de um mês e ao fim deste tempo aguardenta-se.
As fermentações eram longas e completas, desdobrando-se todo o açúcar do mosto.
Para poder beneficiar da denominação Carcavelos há que cumprir o que legalmente está estabelecido.
Temos o Decreto-Lei nº 246/94 de 29 de Setembro.
Os vinhos deverão ter um título alcoométrico total superior a 17,5% vol. e adquirido não superior a 22% vol., não podendo o teor de açúcar residual ser superior a 150 g/l.
Das práticas tradicionais o generoso Carcavelos respeita obrigatoriamente um estágio mínimo de dois anos em madeira e seis meses em garrafa.
A invasão do betão, o alargamento do sistema viário, as dificuldades em mão-de-obra, levaram a que o Vinho de Carcavelos sucumbisse.
Vale a equipa de jardinagem do Município de Oeiras, que depende do pelouro de Espaços Verdes e Turismo.
Dos sobreviventes merecem referencia ainda a Quinta dos Pesos, Quinta da Ribeira ou a Quinta da Samarra.
Com maior expressão a Quinta do Marquês, dependente do Município de Oeiras.
No seu conjunto e para elaboração do Carcavelos totalizam uma área com pouco mais de 10 hectares.
Consequentemente a produção é exígua, sendo os vinhos que se encontram no mercado de colheitas, já com vários anos.
O renascer do histórico Vinho de Carcavelos terá que ter continuidade.
Essa continuidade apenas terá lugar e o Mercado e Economia têm papel decisivo.
O consumidor ao procurar estes vinhos contribui para a perservação deste património !
Por Jorge Cipriano em https://www.clubevinhosportugueses.pt